13 de dezembro de 2007

6. marola

Era tão desagradável e feio o costume que as pessoas tinham de especular sobre a vida de outras! Tão feínho, mesquinho... atozinho bem –inho mesmo! Look at this! Olha a cara da Noemi, tão bonita no geral, ficou ridícula com essa boquinha nervosa indagando coisa que ele não ia responder...

“Vocês tão saindo, Sea? Tão tendo um caso? Fala logo, deixa de ser besta!” Fuck!!! Não falava, só fazia que falava... Saíam sim, claro... Iam pra casa juntos depois do ensaio... Iam à pé... Menos se chovia, se chovia iam de carro. Suspirou longamente, entediado demais! We are the dead, don’t you think? Hm... Seria lindo uma luminosidade diferente naquela sala, a luz fria feriam os olhos do Sea, eles até lacrimejavam... Alguma coisa amarela ou azulada talvez... Uma réstia de luz amarela a dourar os olhos dela... Sol ao pôr-do-sol... Amarelos eram os raios nos cabelos da Liv... Não gostava de nada dourado, só pele... Seu cabelo era dourado e ele vivia pintando porque achava uma cor difícil...

“Sea, será que você tá prestando atenção no que eu estou te falando? Tou falando com você, ô viajante!” Fuck!!! A voz da Noemi era estridente quando queria chamar atenção! E ele estava entendendo perfeitamente o que ela dizia, muito embora não respondesse. “Então por que não fala nada?” Não queria. “Tá, tá bem, quer que eu te deixe aqui sozinho, mala do caralho?” Não, ela podia ficar. Podia, o Sea não expulsava ninguém. Sorriu apenas com um lado da boca, era seu hábito pra situações em que tinha de sorrir mas não tinha vontade. Parecia um pouco cínico, sabia, treinou bastante essa expressão diante do espelho. “Mas... só pra saber, você tá a fim dela, não tá não?” Ah... Encrespou os lábios, apertou os olhos, girou molemente a mão, queria passar ideia de descaso... “Mais ou menos? É paixão ou tesão só?” Ah... Ah... Paixão sempre! Havia sido apaixonado por quase todas as pessoas que passaram por sua vida. “Mas vai rolar sexo nessa paixão?” God damn it! Oh... Noemi, Noemi... Ficasse calma... Virou-se subitamente e chegou com o corpo bem perto do dela, o rosto bem perto do dela, de forma que se pudesse sentir qualquer expiração. Tocou o dedo no queixo dela e armou uma cara muito sensualizada. Estaria ela querendo saber de sexo por que? Queria fazer? Estava precisando, era isso? Ele podia dar um jeito nisso... “Ai, Sea, mas que merda! – estava nervosinha agora – Deixa de ser oferecido, nojento! Fica o dia todo falando dos seus namorinhos pra todo mundo e vem com palhaçada quando eu pergunto!” Ria, ria baixinho. I just have nothing to say, you know… Sabe-se dele o que ele quer que se saiba e do jeito que ele quer, muito deselegante ser perguntado sobre sua vida íntima. I’ve got to much to hide, Sea sempre tinha uma reticência pra dar como resposta quando não queria falar. “Foda-se você então, Siegfried! Vamos logo treinar que eu tou ficando sem saco com você. A propósito, você não fumou não, né? Vai ficar com essa cara de passado no ensaio não, né?” Confirmou em silêncio, sorrisinho. “Tem que fumar menos maconha, viu!” Okay, se lembraria disso oportunamente. Por hora estava pensando numa sequência bem chata e repetitiva pra passar pra ela... Queria acabar com ela, de tanto cansaço, só pra retaliar... “Bem filhodaputa o senhor, né?” Afetou uma voz grave: “This is me, honey… So… Let’s dance!”.

E o Sea realmente se vingou da curiosidade da Noemi como queria.

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